sábado, 27 de março de 2021

As doenças mais comuns de peixes de aquários marinhos e como combatê-las (PARTE 1)



Estaremos, a partir de hoje, alimentando o blog com uma série de traduções sobre as principais doenças que podem acometer os peixes e a vida de um aquário marinho.
A primeira doença abordada será o Amyloodinium Ocellatum ou também conhecido como  "Marine velvet" (Veludo marinho) , "Oodinium, Amyloodiniosis", "Gold dust disease" (doença do pó de ouro), "Coral fish disease" (Doença dos peixes corais).

Amyloodinium Ocellatum é uma das doenças de peixes de aquário marinho mais rápidas, e também uma das mais mortais. Se um dos seus peixes apresentar essa doença é altamente provável que todos os peixes que compartilham o mesmo tanque também estejam infectados. Ela é uma espécie de dinoflagelado  (uma alga com uma única célula, organismo que é classificado entre as plantas e entre os animais). 

Figura 1. Amyloodinium ocellatum

Figura 2. Amyloodinium ocellatum fixados em branquias de tilápias.


Diferentemente do Ictio ( o número 1 em mortes de peixes marinhos) É improvável que existam populações que fiquem latentes (existindo no tanque mas sem infestar os peixes) e que se manifestem quando os peixes estiverem sob condições de stress.Comumente o Amyloodinium é trazido por alguma coisa que foi introduzida no aquário (invertebrados também podem carregar essa doença) e se reproduz rapidamente, o que traz a luz novamente a necessidade absoluta de banhos de água doce e procedimentos de quarentena antes de adicionar alguma coisa da natureza ou de algum outro aquário dentro do seu.  Esse organismo é muito comum na natureza e comumente encontrado na pele de  espécies capturadas.

A maioria dos casos dessa doença, se não for tratada resulta em rápida infestação, reprodução e danos as guelras dos peixes, causando morte, geralmente por falta de oxigênio.  Infelizmente essa doença pode matar tão cedo quanto um único dia depois de notados os primeiros sintomas. Ela ataca as guelras dos peixes.

Sintomas visíveis:

 - Peixes esfregando a cabeça no tanque

- Pequenas manchas brancas revestindo as escamas (podem parecer brancas, cinzas ou como pó de ouro) = sintomas severos

- Hiperatividade

- Contração muscular

 - Tremores

- Respiração rápida e rasa

- Apetite reduzido

 - Coloração pálida, reduzida.

 - Peixe ofegante e se mantendo perto da superfície ou em áreas com maior movimentação da água.

 

Figura 3 . Peixe contaminado por  Amyloodinium ocellatum 

 


Tratamentos:

 Prevenir que esse parasita desagradável entre em seu aquário em primeiro lugar é muito, muito mais fácil do que tentar parar ele, uma vez que infectar seu peixe. Então, procedimentos de aclimatação corretos, incluindo banhos de água doce por 3 a 5 minutos (em tudo!) e uma quarentena por mais ou menos 4 semanas poderá salvar sua vida marinha de todos os males mencionados acima.

A chave para tratar efetivamente essa doença é o diagnóstico rápido e o tratamento apropriado. Cada minuto conta com essa doença! Garantir uma excelente qualidade da água e nutrição durante todo o tratamento ajudará o sistema imunológico dos peixes e acelerará a recuperação.

Esse organismo não é responsivo a tratamentos com hipossalinidade assim como o ictio. (as duas doenças são comumente confundidas, mas são causadas por parasitas muito diferentes) Mas ele pode ser morto nos seus primeiros estágios de nado livre através de esterilização com UV.

Alguns peixes se expostos a pequenos números de parasitas podem na realidade se tornar imunes a  infestação quando o número de dinosporos (parasita na primeira fase) é baixo  o suficiente para não causar mortalidade e depois da infecção os número de trofontes  (parasita na fase final) cai.

Mas tente não esperar por uma imunidade natural, essa é uma doença de progressão rápida e se não tratada irá matar o seu peixe!


Figura 4 . Ciclo de vida do Amyloodinium ocellatum 


Então, quais são os tratamentos efetivos para essa doença?

1-      Tratamento com cobre:

Cobre na verdade é o único tratamento efetivo. O tratamento é o mesmo para o ictio: você tem que garantir que os níveis de cobre na água permaneçam no nível efetivo (0,15-0,25 mg/l) por pelos menos 14 dias. Isso pode ser testado diariamente, com um teste de cobre apropriado (quelado ou não) e ajustando-se os níveis seguindo as instruções do rótulo. Níveis abaixo do apropriado não serão efetivos e níveis muito altos podem começar a se tornar tóxicos para o seu peixe.

Como mencionado anteriormente, o cobre é altamente toxico para todos os invertebrados e a melhor opção é remover todos os peixes (pois essa doença é altamente contagiosa) para um tanque de quarentena depis de um banho de 3 a 5 munitos em água doce e trata-los  lá (no tanque de quarentena), retirando toda mídia de filtragem química.

Depois de acabar o tratamento você deverá remover todos os traços de cobre do seu peixe, utilizando para isso uma mídia química, (como um filtro de carvão) e trocas de água.

O display principal deve ser deixado rodando “esvaziado”, sem peixes por um mês (com ou sem invertebrados). Seja qual for o estágio do ciclo de vida desse parasita no display principal ele simplesmente morrerá por falta de um peixe hospedeiro.

Figura 5 . Um dos tratamentos de cobre mais usados entre os aquaristas 

 

1-      Banhos de água doce: Embora não seja um tratamento efetivo para essa doença, banhos de água doce trarão um alívio para seus peixes infectados porque destroem os outros parasitas que possam estar nele. Isso pode ser feito antes de remover o peixe para o tanque de quarentena e antes do tratamento com cobre. Isso também deve ser feito toda vez que vocês quiser introduzir um novo animal em seu aquário antes do período de quarentena. Banhos de água doce devem ser feitos sempre com água filtrada e o PH deve ser ajustado para o mesmo PH da água de transporte do peixe.

2-      Difosfato de cloroquinina: É uma alternativa simples ao tratamento do cobre que também é uma droga contra a malária! Contudo ela tem todas as mesmas desvantagens do cobre como ser tóxica para os invertebrados, também é mais cara que o cobre e mais difícil de achar. A dosagem ativa do Difosfato de cloroquinina é de 5 a 10 mg/l por 10 dias.

3-      Outros tratamentos: Apesar de você provavelmente já ter  lido que os tratamentos acima são os únicos efetivos atualmente no mercado, como  com as outras doenças existem muitos produtos “milagrosos” específicos para Amyloodinium “reef safe” e que  na verdade possuem um resultado aparentemente aleatório. Essa doença á tão rápida para matar que você não deve arriscar com algo que  só PODE funcionar. Alguma coisa deve ser dita sobre os esterilizadores UV, que são capazes de matar os dinosporos que nadam livremente mas que não são capazes de erradicar os parasitas do corpo dos peixes em seu estágio de encistamento, então os filtros UV não são uma cura efetiva.

A linha de fundo aqui é que essa doença é particularmente letal, contagiosa e muito rápida em debilitar os peixes, pois ataca seu sistema respiratório primeiro.

Você precisará agir rápido e decididamente e estar apto para identificar os sinais precocemente. Como eu havia dito a melhor maneira de tratamento é remover todos os peixes para um tanque de quarentena trata-los lá e deixar o display principal descansar por pelo menos um mês enquanto os pequenos nojentos levem a cabo o seu ciclo de vida, e morram, sem peixes para ser hospedeiros, alternativamente você pode tratar seu tanque principal com lixivia e enxaguá-lo várias vezes.

 

A melhor maneira de prevenir essa doença é prevenir a sua entrada no aquário pela primeira vez! 

 

E você, já teve essa doença? Conhece alguém que já teve? Tem algo a acrescentar?

Deixe nos comentários, você pode ajudar a enriquecer esse artigo! 

A  Academia do Aquário tem como missão fornecer o melhor do alimento vivo para seus peixes e corais e também levar conhecimento a todos os aquaristas.


Retirado de:

Marine Fish Health And Disease (Saltwater Aquarium Advice Series Book 4) (English Edition) eBook: Brummer, Andrej: Amazon.com.br: Loja Kindle.

Imagens retiradas de: 

https://www.semanticscholar.org/paper/Getting-Acquainted-with-Amyloodinium-ocellatum-Smith-Schwarz/e5c85c992feee6855b31b20707f947a0d9b895bf

https://gia.org.br/portal/amyloodinium-ocellatum/




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