Detritos e filamentos de algas comprometem a aparência estética e qualidade da água de qualquer aquário marinho. Com certeza, Eles são atualmente um dos mais sérios (e frustrantes) problemas que um aquarista pode enfrentar.
A maneira mais fácil e menos cara para lidar com esses problemas é através de controle biológico. Isso geralmente envolve o uso de uma equipe completa de organismos de limpeza. Na natureza, a linha de frente dessa equipe consiste em vários pequenos crustáceos. Os mais importantes deles são os Copépodes e os Amphipodes.
Comparando Copépodes e Amphipodes
Copépodes pertencem a subclasse Copepoda, que é dividida em 10 ordens (saiba mais aqui). Amphipodes pertencem a subclasse Eumalacostraca, dentro da ordem Amphipoda.
Copépodes e amphipodes são semelhantes em vários aspectos. Ambos os grupos compartilham das principais características morfológicas dos crustáceos e se assemelham (ao menos superficialmente) fisicamente. Ambos passam por um estágio larval plantônico. Ambos são espécies bentônicas quando se tornam adultos. Ambos são bastante abundantes nos seus habitats naturais. E ambos são importantes ecologicamente porque frequentemente formam um elo trófico importante entre produtores primários e secundários.
Provavelmente a mais notável diferença entre os dois grupos geralmente é o tamanho maior dos Amphipodes adultos. Copépodes geralmente medem de 1 a 2 mm, enquanto os Amphipodes chegam de 1 a 340 mm.
Olhando mais de perto, Amphipodes também são um pouco mais avançados em sua estrutura corporal. Enquando os Copépodes possuem somente um olho no meio da sua cabeça, os Amphipodes possuem um par de olhos.
Copépodes não possuem um sistema circulatório complexo (levam oxigênio para dentro de seus corpos diretamente através de difusão). Enquanto que os Amphipodes possuem ambas as guelras e um coração de verdade.
Quando se trata da capacidade de sobreviver sobre condições normais de um aquário, as semelhanças entre os dois grupos são muito mais fortes que as diferenças. De fato, eles podem até assumir papéis biológicos semelhantes. Em outras palavras, eles compartilham o mesmo nicho biológico básico.
Especialmente quando comparamos Amphipodes a gêneros bênticos de Copépodes como Tigriopus e Tisbe . Uma competição intensa pode surgir nesse dessas similaridades. Nesse cenário, os Amphipodes são caracteristicamente melhores equipados para reinvindicar espaço e comida do que seus primos.
Adicionalmente, Amphipodes aparentemente predam Copépodes que encontram em cima de rochas, substrato ou superfície do vidro do aquário. Isso quer dizer que os Amphipodes não só removem os copépodes adultos e benticos, mas por consumir fêmeas carregadas de ovos eles também privam o sistema dos Copépodes jovens e plantônicos (náuplios).
Pela maioria dos comentários de aquaristas, isso pode levar à exclusão competitiva , por meio da qual Amphipodes tendem a dominar e eventualmente eliminar os Copépodes coabitantes. O resultado? Redução da diversidade de microcrustáceos.
Melhores juntos
Devido a sua extrema dificuldade (mais notávelmente sua falta de habilidade de resistir à condições adversas durante seus transporte), Amphipodes são frequentemente introduzidos à aquários marinhos dentro de rochas vivas. Isso não é inerentemente mau.
Como descrito acima eles podem fazer muito para manter o aquário razoavelmente limpo. Mas sua tendência de reduzir ou eliminar populações de Copépodes pode revelar-se desvantajoso para o sistema como um todo. A chave aqui é a diversidade de microcrustáceos.
Por exemplo, existem alguns hábitos/preferências de alimentação notáveis entre os dois grupos. Enquanto ambos consomem microalgas e detritos, Copépodes tendem a preferir algas enquanto que Amphipodes procuram primariamente por detritos e outros materiais descartados.
Por causa do seu tamanho maior, Amphipodes são comparativamente mais eficientes em consumir partículas maiores como fezes de peixes e alimentos não consumidos. Já os Copépodes podem entrar dentro (e limpar) espaços menores por apresentar tamanho reduzido.
Além disso, Copépodes são famosos pela eficiência na limpeza de painéis de vidro, enquanto isso, Amphipodes (especialmente os indivíduos mais velhos) tendem a ficar escondidos embaixo de fendas escuras nas rochas e no substrato.
Também devido a essas diferenças de tamanho, Amphipodes adultos são mais palatáveis como comida para peixes de boca maior enquanto que os Copepodes são melhor para filtradores e peixes de boca pequena como os Mandarins.
Finalmente, porque preferem se alimentar de microalgas (que são consideradas comida de melhor qualidade do que detritos), os Copépodes são tipicamente mais nutritivos que os Amphipodes para criaturas comedoras de microcrustáceos.
Mantendo o equilíbrio
É apenas um fato da vida: Amphipodes acabam entrando como “caronas” na maioria dos aquários que possuem rochas vivas. Como muitos aquaristas tem observado, eles podem limitar dramaticamente a população de Copépodes em ambientes fechados como aquários marinhos. Portanto, para dar aos Copépodes uma vantagem vital, maximizar a diversidade de microcrustáceos e otimizar a eficiência da sua equipe de limpeza, certas medidas precisam ser tomadas. Elas incluem:
- Criar microhabitats que provejam refúgio para os copépodes:
(se seu sistema não possui espaço para a montagem de um refúgio, você pode tentar a “técnica do baldinho” explicada aqui.)
A instalação de um refúgio - especialmente um refúgio plantado – significará aumentar a densidade de quase todos os “pods” (ambos Copepodes e Amphipodes). No refúgio, todos os “pods” terão um porto seguro em que poderão evitar predadores (peixes, corais,etc.) por um longo período a fim de se reproduzir.
Além do que, para especificamente promover a sobrevivência e reprodução dos Copépodes, eles oferecem uma abundância de pequenos buracos e fendas onde os Copépodes adultos e bênticos podem se esconder dos Amphipodes. Isso pode ser providenciado com uma grande quantidade de rochas vivas.
- Melhorar a nutrição dos copépodes
Será de grande benefício para seus Copépodes (assim como qualquer fitoplanctivoros como muitos corais e mexilhões) se você alimentar seu sistema regularmente com Fitoplâncton vivo.
Ele é especialmente importante para Copépodes em fase larval, que dependem de densidade adequadas de Fitoplâncton para um desenvolvimento adequado. Essa simples prática aumenta a qualidade tanto quanto a quantidade dos seus Copépodes.
-Regularmente ressemear, para reforçar o número de copépodes.
A dinâmica da população de microcrustáceos vai mudar de um aquário para o outro. Ainda sim, a maioria se beneficiará (ou até mesmo exigirá) de um aumento ocasional da densidade de Copépodes. Isso é facilmente realizável re-semeando os copépodes. Re-semear é realmente o que parece: de tempos em tempos introduzir novos indivíduos no aquário.
Embora exija um pouco de observação e (às vezes) ajuste fino, estabelecer uma comunidade rica e variada de microcrustáceos certamente resultará em um ambiente de aquário mais bonito e fácil de manter!
Amphipodes da Academia do Aquário. Os animais são atualmente coletados de um ambiente rico em algas. Por isso o tom de seu corpo é esverdeado.
Texto original baseado em:
https://www.algaebarn.com/blog/copepods/amphipods-copepods-peacefully-coexist/
(Com modificações)
Imagens retiradas de:
http://zoolstud.sinica.edu.tw/Journals/57/57-47.pdf
https://en.wikipedia.org/wiki/Copepod
https://br.pinterest.com/pin/551479916868959978/
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